Apenas quatro meses após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter lançado a pedra fundamental para a pavimentação da BR–367, entre Salto da Divisa e Jacinto, no Vale do Jequitinhonha, ele mesmo vetou os investimentos previstos no Orçamento deste ano para a rodovia.
Em dezembro, Bolsonaro esteve em Jacinto, município de 13 mil habitantes que fica próximo da divisa com a Bahia, ao lado de duas dezenas de políticos mineiros, para anunciar que o asfalto aguardado há mais de 50 anos chegaria à BR–367.
A promessa do governo era investir R$ 157 milhões para pavimentar o trecho que vai até Salto da Divisa e tem grande movimento de carros e caminhões (principalmente os que carregam eucalipto e abastecem as fábricas de celulose na região). A previsão do governo era que a obra durasse dois anos e fosse finalizada ainda em 2022.
“Essa obra chega em boa hora, há muito ela foi prometida e, lamentavelmente, a obra não chegou aqui. E agora vai chegar em nosso governo. Importante concluir obras e fazer aquelas que podemos concluir ao longo do nosso mandato, não deixar para depois”, afirmou Bolsonaro durante a visita.
Atrasos
A pavimentação da BR–367 foi prometida pela primeira vez pelo então presidente Luiz Inácio Lula (PT), em 2010. A obra chegou a ser incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e os projetos executivos começaram a ser executados.
No entanto, bloqueios de verbas no Orçamento e problemas com a liberação de licenças ambientais foram adiando a chegada do asfalto por mais de uma década. Até hoje, os motoristas que passam pelo trecho enfrentam uma rodovia em péssimas condições, de terra batida e esburacada. Em período chuvoso, o trecho fica praticamente inviável.
Insatisfeitos com o veto presidencial, deputados mineiros falam de uma mobilização para derrubar o veto e voltar a incluir os recursos da obra no Orçamento.
“Essa informação chegou há pouco tempo para a gente. Estamos avaliando e buscando resposta. Já pedi audiência no Ministério (da Infraestrutura) para saber se o governo vai proceder com esse veto. Se proceder, não tem outro caminho que não seja derrubá-lo. Não vamos abrir mão dessa obra, ela é importantíssima. Passei 26 anos rodando nessa estrada, sei como é sofrido”, afirma o deputado Igor Timo (Podemos).“A promessa que ouvimos foi que a obra seria entregue até o final do ano que vem. Esperamos que ela seja cumprida e que os recursos sejam descontingenciados.
Minas tem sido sempre muito prejudicada com esses bloqueios no Orçamento”, avalia o deputado Fábio Ramalho (MDB). Segundo ele, uma das opções, caso o recurso não seja liberado, é partir para a derrubada do veto de Bolsonaro.
Prioridades
A reportagem procurou o Ministério da Infraestrutura para saber, após os vetos no Orçamento, se o governo federal pretende destinar algum recurso para a pavimentação da BR–367, mas a pasta não informou sobre valores ou previsão de aditivos.
“Num cenário de restrições orçamentárias, o ministério está atualizando sua planilha de investimentos considerando duas premissas: obras prioritárias, em função do seu impacto social e econômico; e a conclusão de obras iniciadas. Estamos empenhados em garantir a infraestrutura, mesmo com o contingenciamento sofrido, e não conseguimos precisar os impactos nas obras no momento”, diz a pasta.