DELÍRIO 94

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Com: Alécio Moura

João Doria desiste da pré-candidatura à Presidência da República: ‘Não sou a escolha da cúpula do PSDB’

“O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano. Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve”, anunciou o ex-governador

24/05/2022 as 16:51
 O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) desistiu nesta segunda-feira, 23, da sua pré-candidatura à Presidência da República. O ex-gestor paulista iniciou seu pronunciamento à imprensa lembrando a trajetória política dele e de seu pai. Além de Doria, estavam presentes o presidente do PSDB, Bruno Araújo, o coordenador de campanha do postulante, Marco Vinholi, e a sua esposa, Bia Doria. “Para esta missão, coloquei meu nome à disposição do partido. Hoje, neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Aceito esta realidade com a cabeça erguida. Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio”, afirmou Doria. “Seguirei sempre buscando o consenso, mesmo que ele seja contra a minha vontade pessoal”, acrescentou.

Doria disse sair com a sensação “inequívoca” de dever cumprido e missão bem realizada com “boa gestão e sem corrupção”. “Saio com o sentimento de gratidão e a certeza de que tudo que fiz foi em benefício de um ideal coletivo e a favor dos paulistanos, paulistas e dos brasileiros. Saio como entrei na política: repleto de ideias, com a alma cheia de esperança e com o coração pulsante, confiante na força do povo brasileiro, que tem fé na vida, que tem fé em Deus”, apontou. Em seguida, pede desculpas a todos pelos erros. “Se me excedi, foi por vontade de acertar. 

O ex-gestor foi escolhido como pré-candidato do PSDB em 27 de novembro de 2021, durante as prévias partidárias. O paulista venceu com 53,99% dos votos, enquanto o na época governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite obteve 44,66% e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, 1,35%. Na última quarta-feira, 18, os presidentes do PSDB, MDB e Cidadania se reuniram para analisar os resultados das pesquisas quantitativas e qualitativas encomendadas pela terceira via checar a viabilidade eleitoral de Doria e da senadora Simone Tebet (MDB). Durante o exame dos dados, os caciques deliberaram que a parlamentar tem maior capacidade de angariar votos e vencer a polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Além de Doria não ter decolado nos levantamentos de intenção de voto e ter uma das maiores rejeições junto ao eleitorado, ficando atrás apenas de Bolsonaro, outros fatores pesaram para a resistência do PSDB à candidatura do paulista.

Um deles foi o fato do postulante não ter usado o tempo depois das prévias partidárias para se aproximar da cúpula tucana, responsável pelas negociações com outras legendas e por “vender” o nome do candidato nos Estados. Em seu reduto, onde foi eleito governador, Doria não conseguiu nem emplacar o seu sucessor. Rodrigo Garcia (PSDB) só tem 5% de intenções de voto como governador de São Paulo, sendo ultrapassado por Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e pelo ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado por Bolsonaro. Antes de aceitar que poderia não ser a cabeça de chapa da terceira via, porém, alguns figurões do PSDB como Tasso Jereissati e José Aníbal tentaram trazer Leite novamente para a jogada como uma opção para o partido.

O gaúcho chegou até a iniciar sua pré-campanha com viagens pelo país, o que implodiu uma nova crise interna no partido, mas desistiu em nome da unidade do tucanato. Na época, João Doria ameaçou a desistir da sua postulação para continuar como governador de São Paulo, porém uma carta assinada por Bruno Araújo fez com que o paulista recuasse da decisão. Agora, os planos do PSDB devem ser focados em aumentar a sua bancada na Câmara dos Deputados e no Senado — os gastos de uma pré-candidatura ao Palácio do Planalto secaria os recursos financeiros do PSDB. Sem Doria, o partido pode investir nas campanhas publicitárias de candidatos a deputados, senadores e governadores.


fonte: amopolitica.com.br